terça-feira, 18 de março de 2008

SÉRIE PREFEITURAVÉIS: SALVADOR - parte 2

SÉRIE PREFEITURAVÉIS: SALVADOR

Continuo a discorrer sobre os e as prefeituráveis de Salvador.

Como prometido, dou continuidade com os que nunca foram ocupantes do Thomé de Souza. Depois de Nelson Pelegrino do PT, discorro agora sobre: Olívia Santana.

Olívia Santana, “a negona da cidade” conforme seu slogan de campanha. Vereadora de Salvador pelo Partido Comunista do Brasil, PC do B, disputou e venceu com a maior votação, sendo a primeira colocada dentro da coligação PT/PC do B/ PV das eleições de 2004 ao posto na Câmara Municipal.

Com a vitória de João Henrique e com o apoio que seu partido deu ao mesmo, licenciou-se da Câmara para assumir a pasta de Secretária de Educação e Cultura do município. Onde pôde implementar na grade curricular de nossas crianças a educação de história e cultura africana. Licenciou-se e foi disputar uma vaga na Câmara Federal nas eleições de 2006 numa coligação com PT/PTB/PRB e seu PC do B. Não venceu e voltou à Câmara de Salvador, onde assumiu a presidência da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer do legislativo soteropolitano.

Depois de uma discussão interna do PC do B, que definiu que teria candidatura em Salvador, e após ter seu nome confirmado após o levantamento da hipótese de ser a Deputada Federal Alice Portugal, Olívia teve seu nome referendado. O que causou um pavoroso dentro do movimento negro. O negro na prefeitura? Uma mulher e negra na chefia do maior posto da cidade de maior população negra fora da África? O sentimento foi talvez maior do que à proporção que se divulgou a notícia e assim se levantou a possibilidade da sua candidatura.

Nas iniciais pesquisas Olívia tem oscilado entre 1% e 3%. Inexpressivos ante o número de mulheres e negros aptos a votarem na cidade do Salvador. O sentimento é grande, a importância de uma mulher negra na prefeitura é imensa, mas não se transferiu até agora, esse mesmo sentimento em votos.

A verdade é que PT e PC do B sempre caminharam juntos e até por isso os quadros (poucos) do PC do B não ganharam força na cidade além do ser legislador. Olívia, Alice e Daniel Almeida, além do monstro sagrado da política baiana, Haroldo Lima, ganharam força, mas para legislar em casas municipais, estaduais e nacional. Outra verdade que é dada, é que para o próprio PC do B é melhor ter Olívia como candidata a vereadora (embora sua presença como vice prefeita em uma chapa, enriqueceria e abrilhantaria qualquer candidato a prefeito, tal qual um do PT) é muito mais vantajoso. Ela pode repetir a votação de 2004, pode superar-se e ainda puxar mais um ou até dois vereadores comunistas. Por isso, não creio que terá vida longa essa candidatura de Olívia Santana ao Thomé de Souza.

Acredito sinceramente, que na hora H, Olívia retira sua candidatura, apóia uma do PT e sai como candidata à reeleição a Câmara soteropolitana. Agora, 2010 vêm ai, ela pode ser Deputada Estadual ou Federal e muito mais breve que se pensa, poderá ser sim a primeira mulher negra e do PC do B a ocupar o comando do executivo da capital da Bahia.

É só aguardar. Êia povo Negro!!! Não será em 2008 mais será bem breve.


Próxima análise será sobre a candidatura ou não do polêmico apresentador de TV Raimundo Varela, do Partido Republicano Brasileiro, o PRB de José Alencar (Vice Presidente do Brasil) e do Senador Marcelo Crivella (líder político da Igreja Universal do Reino de Deus) e candidato a Prefeitura do Rio de Janeiro.

Observação: Também discorrerei sobre os candidatos e candidatas a Prefeitura de São Paulo, Rio de Janeiro, Camaçari e Porto Alegre.

Aguardem!!! Lembrando: na parte 3 dos Prefeiturvéis de Salvador: Raimundo Varela.

SÉRIE PREFEITURAVÉIS: SALVADOR, BAHIA

SÉRIE PREFEITURAVÉIS: SALVADOR

Começo a discorrer aqui uma série sobre cada um dos pré-candidatos e pré-candidatas ao Palácio Thomé de Souza, nas eleições de outubro de 2008.

A lista é grande: Nelson Pelegrino (PT), Lídice da Mata (PSB), Antônio Imbassahy (PSDB), Olívia Santana (PC do B), ACM Neto (DEM), Luiz Alberto (PT), Raimundo Varela (PRB), Edvaldo Brito (PTB), Walter Pinheiro (PT), Gerdan Rosário (PTC) e João Henrique (PMDB) atual prefeito.

Destes, João está no Thomé de Souza, Lídice, Imbassahy e Edvaldo já estiveram e Nelson Pelegrino, Luiz Alberto, Walter Pinheiro (todos do PT), ACM Neto, Olívia Santana, Gerdan e Varela nunca ocuparam. Gerdan e Varela nem legislar nunca legislaram, diga-se passagem.

Dou inicio com os que nunca estiveram e querem estar no comando desta cidade. A primeira capital do país e hoje terceira maior. Lembro-me de um ditado dos antigos, “quem nunca viu quer ver, quem já viu quer correr”, mas não se serve muito para os que já viram como Lídice, Imbassahy, João e Edvaldo.

Desta lista dou o ponta-pé inicial começando por Nelson Vicente Portela Pelegrino.

Nelson Pelegrino é Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores, PT. Já presidiu o PT e pelo mesmo disputou o Thomé de Souza em 1996, 2000 e 2004. Quase em 2004 chegou ao 2º turno enfrentando o atual prefeito João Henrique de Barradas Carneiro.

Pelegrino tenta disputar pela quarta vez tal qual Lula disputou a Presidência (1989, 1994, 1998 e 2002). É super popular na cidade. Conhece-a como suas mãos. É indiscutivelmente o maior quadro político de Salvador, da Bahia, do Nordeste e com destaque nacional e internacional, podendo despontar ainda mais no cenário nacional.

Militante árduo dos direitos humanos e da causa do trabalhador tem seus méritos para poder assumir a prefeitura. Mas dentro do PT não tem unanimidade em torno de si, como ocorre na cidade quando comparado aos outros nomes colocados dentro do PT. Ainda não está tão bem colocado em pesquisas iniciais, mas de longe supera Walter Pinheiro, Luiz Alberto (deputado federal e secretário de Estado, respectivamente) e Olívia Santana, vereadora comunista. É de longe o nome realmente do Campo da Esquerda, Democrática e Popular desta cidade, o que reúne em um só bloco e lugar o PT, PSB, PC do B, PV, PPS, PCB, PMN e tendo espaço ainda para a inclusão do PDT.

Acredito piamente na capacidade, paixão e força de vontade existentes em Pelegrino para disputar, ganhar e gerir de maneira séria, justa, igualitária e humana esta cidade negra que mata seus negros e negras. Está cidade desigual e desumana. Está cidade realmente dividida em Cidade Alta (elitista, bonita, asfaltada, bem cuidada) e a Cidade Baixa (sofrida, destruída, pobre, feia, suja e sem segurança) que vai além da Ribeira, Uruguai e Jardim Cruzeiro. Passa por todo o subúrbio ferroviário: Coutos, Paripe, Periperi, Lobato, Alto do Cabrito e passa por Pirajá (rua velha e nova) até as Cajazeiras, sem esquecer do Nordeste de Amaralina, Pau da Lima, Boa Vista de São Caetano e etc. Mas considero que qualquer um, não só Pelegrino, comete um ato de “loucura” ao querer disputar essa prefeitura. Salvador hoje, mais do que ontem, está quebrada e o prefeito ou prefeita, ganhará uma bomba relógio.

O que Nelson Pelegrino precisa é convencer o seu PT a cumprir o papel que sempre cumpriu. De ser e estar na cabeça da campanha. Pois do contrário, dificilmente sairá para esta quarta disputa.

Com o apoio de Lula e Wagner, e óbvio, com um projeto para Salvador de toda gente, como pregou em sua última campanha, torna-se mais atraente votar em Nelson do que qualquer outro. Líder experiente, competente e que tem realmente interesse na disputa, não quer marcar terreno.

Dependendo do que o PT decidir e de uma ajuda real (algo que duvido que tenha) de Lula e principalmente de Wagner, pode deslanchar. Encerro essa análise afirmando que é um ótimo nome (dentro do PT o melhor) para disputar a Prefeitura de Salvador. Mas, modéstia aparte preferiria tê-lo desenvolvendo mais e mais seu mandato de deputado Federal e depois galgando uma vaga de Senador em 2010. O que sem dúvidas engrandeceria a Bahia, que nunca teve um Senador de verdade que corresponda ao seu tamanho. Nem mesmo nos tempos de Rui Barbosa e ACM o tivemos. Tanto Rui quanto ACM foram importantes Senadores para a Bahia, mas Nelson Pelegrino pode de fato representar essa terra com a grandiosidade que tem em si e que corresponde com a desta terra. O problema ai agora, é convencer a Nelson de que seria melhor ir para o Senado Federal do que o Thomé de Souza e depois do Senado o Palácio de Ondina.

Quem conseguir convencê-lo ganha um doce. Mas que venha a disputa e veremos se eleito, um futuro grande Prefeito desta cidade.

OLGA

OLGA

Orgulhosa
Linda
Gostosa
Amiga

OLGA!

Oferecida
Lambisgóia
Galinha
Atrevida

OLGA!

Ordinária
Levada
Grossa
Amorosa

OLGA!

Oferecida
Linda
Grossa
Amiga

OLGA!

Elis "Rainha"

Ela nasceu aos 17 de março de 1945, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Nome: Elis Regina Carvalho Costa. Regina que lhe foi dado por Dona Ercy apenas porque Elis é um nome que servia tanto para garotas como para garotos e preocupado com problemas para registrar sua primogênita, mandou logo um Regina pra evitar qualquer barulho desnecessário.
Regina que significa em Latim Rainha. E não é que Dona Ercy e a exigência do cartório valeram à pena? O que foi Elis Regina se não uma rainha? A maior e mais consagrada das rainhas desta terra. O maior nome da música do Brasil que atravessou mares e céus e nunca deixou seu brasileirismo de lado. Dizia "Agente tem um orgulho lascado de ser brasileiro" e dava a sua senhora gargalhada.
Partiu como num rabo de foguete em 19 de janeiro de 1982, em São Paulo. Já estava consagrada, embora ainda jovem. Faria 63 anos de vida se aqui estivesse. E estaria cantando muito. Dando um trabalho danado e gostoso a diversos compositores como seus preferidos: João Bosco & Aldir Blanc, Chico Buarque, Milton Nascimento, dentre outros.

Parabéns Rainha Elis!
Parabéns Elis Regina!
Parabéns Elis Rainha!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Dia Internacional da Mulher: Dia de lutas e conquistas

Por Law Araújo*


O Dia Internacional da Mulher tem sua origem unicamente em um fato político. O primeiro dia dedicado às mulheres deu-se em virtude do protesto organizado por trabalhadoras de fábricas de vestuário e indústria têxtil em 8 de março de 1857 em Nova Iorque. Essas mulheres protestavam contra as más condições de trabalho e os reduzidos salários (desde aquela época e até os dias de hoje, essa falsa dicotomia de que mulheres devem ganhar menos que homens é existente). Esse dado é fundamental para que possamos saber de onde vem o dia 8 de março como dia Internacional da Mulher, não tendo nada haver com o incêndio na fábrica Triangler Shirtwaist, que ocorreu em Nova Iorque onde 146 trabalhadoras morreram queimadas. Este incêndio aconteceu em 25 de março de 1911 e segundo a versão muito difundida as trabalhadoras protestavam e foram queimadas vivas. O fato é que esse protesto (segundo a história) nunca aconteceu e essas mulheres morreram por falta de segurança no trabalho.
Por tanto o dia internacional da Mulher nasce da luta organizada das mulheres trabalhadoras que reivindicaram os seus direitos e o incêndio na fábrica têxtil pode ser apontado como o primeiro ato de violência contra as mulheres trabalhadoras, uma vez que, a direção da empresa não investiu em segurança para as suas trabalhadoras. Ao longo dos anos as mulheres sempre tiveram que lutar e lutaram para conseguir qualquer coisa. Todos os direitos hoje assegurados são frutos das lutas de diversas lutadoras de diferentes épocas e nacionalidades, cores e visões criticas e religiosas.
Mas um motivo de luta das mulheres que até hoje reina na pauta de reivindicações é justamente o direito à vida, o direito a ter sua integridade física garantida e respeitada. A luta contra a violência feminina vem sendo motivo dessa saga diária em todas as partes do mundo. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo (2001) revelou na pesquisa quase 2,1 milhões de mulheres são espancadas por ano, sendo 175 mil por mês, 5,8 mil por dia, 4 por minuto e uma a cada 15 segundos. E está intimamente relacionada ao aspecto cultural: a existência de diversas formas de agressão contra as mulheres e meninas são mais freqüentes em países de uma cultura masculina e menos incidentes em sociedades que buscam a equidade de gênero (Blay/ 2003). Até por isso, a grande necessidade de implantação de políticas públicas voltadas para as mulheres, em âmbito de direitos humanos tornam-se fundamentais. Por isso mesmo, é necessário à participação das mulheres no cenário de poder. No Legislativo e no Executivo destas políticas públicas voltadas ao gênero feminista.
Hoje no Brasil, no seu Parlamento, temos os seguintes e insuficientes números: Câmara de Deputados- 513 no total de parlamentares, 457 homens e apenas 46 mulheres, que significa 9%; no Senado Federal, uma Casa conhecida inclusive por ser ocupada por homens e mais velhos, os chamados "raposas-velhas da política" temos os seguintes números: das 81 cadeiras as mulheres ocupam apenas 10 num total de 12,3%, enquanto os senadores somam 71 cadeiras. Nas Assembléias Legislativas 126 mulheres como deputadas num universo de 1059 deputados estaduais, as mulheres representação assim 11,9% e no Poder Executivo dos 26 Estados mais o Distrito Federal, as mulheres governadoras são apenas 3, uma na região nordeste, outra na região norte e a outra na região sul. Não chega nem a uma por região.
Por isso, faz-se imprescindível a tomada do poder pelas mulheres. Fazendo suas vozes ecoarem nas direções partidárias em todas as instâncias, municipal, estadual e nacional, dentro das Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas e no Congresso Nacional: Câmara e Senado. Além é óbvio do poder executivo, prefeituras, governos estaduais e a Presidência da República. Não dá para aceitar, que onde as mulheres são maioria de votantes, não tenhamos no Brasil, uma mulher Presidente. Se rompemos o ciclo de presidentes elitistas, doutores e bem formados e colocamos um homem sem diploma universitário faz-se necessário agora termos uma mulher na Presidência. Uma mulher que independente de seu partido, seja realmente a porta-voz da nação brasileira como um todo, que governe para todos, mas que implemente as políticas femininas e derrube de uma vez com o sentimento machista e atrasado. As mulheres precisam assumir a tarefa de fiscalizar e implementar ações e leis como a Lei 11.340/2006, a Lei Maria da Penha, que passou a vigorar em setembro do referido ano. Que 2008 e 2010 sejam anos de avanços na participação feminina na política institucional, uma vez que por lei, 30% das vagas devem ser destinadas às mulheres nas disputas proporcionais, ou seja, vereadora, deputadas estadual e federal e senadoras.
Que as mulheres façam valer sua força e assim como em seus lares, comandem com suas mãos de ferro as ações e políticas do dia a dia. No bairro, na escola, na igreja, nos partidos, nas associações e ONGS e em todos os espaços existentes e ainda vagos de suas importantíssimas presenças como, por exemplo, na própria Executiva nacional das/dos Estudantes de Letras, um curso historicamente cuja presença feminina é predominante, é fundamental que nos encontros estaduais, regionais e nacional as estudantes assumam as tarefas e principalmente no ENEL possam disputar e assumir a direção da entidade.
Salve as mulheres, salve as mães, as filhas, as professoras, as amantes carinhosas e dedicadas, compreensivas e amadas. Salve a todas as "Marias, a todas as Clarices" **, a todas as Anas, a todas "essas mulheres que de manhã cedo acordam, arrumam-se, botam a mesa" *** e vão à luta por um mundo mais justo, honesto, igual, solidário, feminista e realmente amoroso. Um mundo realmente humano.


* Law Araújo é estudante de Letras Vernáculas da UCSal.
** Trecho de "O bêbado e a equilibrista", música de João Bosco e Aldir Blanc.
*** Trecho de "Essa Mulher", música de Joyce e Ana Terra, ambas gravadas por Elis Regina Carvalho Costa.

terça-feira, 4 de março de 2008

A Desgraça da Universidade do Século XXI

A desgraça da Universidade do século XXI é justamente o fato de que os seus estudantes não estão voltados à pesquisa e nem a criação de nada. Temos visto cada vez mais universitários e universitárias que acordam, arrumam-se, entram e saem das suas Universidades, sejam elas públicas ou privadas, e só. Não fazem pesquisas e nem são estimulados a tal, não criam nada, nem mesmos nos cursos tradicionalmente voltados à criação tais quais Letras, Músicas, Artes, Filosofia.
Posso assistir, por exemplo, Universidade Federal da Bahia, a UFBa, que um dia foi a escola de Tom Zé e nada mais depois de Tom Zé foi mostrado a Bahia, ao Brasil e ao mundo. O que a Escola de Música e Artes da Federal da Bahia tem produzido? Onde estão os seus talentos? Onde estão os novos e as novas “Tom Zés”? O curso de Letras tanto da Bahia (UCSal, UFBa, UNEB, UNFACS e outras) como dos demais estados brasileiros, que nada mostram ao país, exceto, uma ou outra que realiza pesquisas cientificas e ainda guardam vivas e bem acessas a chama do porquê existe Universidade, fora essas não temos visto nada. Os estudantes entram nas bibliotecas, pegam livros e vão estudar para o que cairá na prova e simplesmente estudam, decoram, fazem à prova e “tchau e bênção”, “morreu Maria-preá”. Onde está o debate lingüístico? Onde estão os debates sociolingüísticos e literários? Nem na roda dos estudantes de Letras você encontra.
A verdade é que as Universidades de hoje estão apenas fabricando diplomas e a cada dia absorvendo mais e mais pessoas em busca desses diplomas. Não estão em busca do conhecimento, de promover o conhecimento e muito menos de compartilhá-lo. A decadência estudantil é vista a cada dia e cada dia mais ficamos inertes a ela. O movimento estudantil não é igual, não luta da mesma maneira e com a mesma gana. Vemos o individualismo falar alto cada vez mais. Onde ficou perdido o sentimento de justiça, igualdade, fraternidade, solidariedade tão peculiar aos jovens e aos universitários? Dias desses, há algum tempo já, meses ou anos... Não sei. Vi uma matéria na TV onde Tom Zé, cantor, compositor e que para mim está mil anos luz a nossa frente sempre e por isso, é tão incompreendido e pouco divulgado entre a minha e as novas gerações mesmo aqui na Bahia, sua terra natal. Ele fala dessa inquietude que o incomodava. Por que nós jovens de hoje, somos tão egos centristas e não damos a mínima para o negro que é discriminado, mesmo sendo também negro? Por que não damos valor algum à causa da mulher? Dos evangélicos e religiosos em geral? Pouco importa o número de jovens negros que são exterminados e pouco importa o número de gays, lésbicas que morrem só porque querem ser gays e lésbicas. Assim tem se portado a nossa geração, que diz ter esperança no amanhã e quer trazer outra geração a este mundo, que não estamos construindo, estamos sim deformando cada vez mais.
A sala de aula deixou de ser o local para este e outros debates. A pedagogia de hoje em escolas e Universidades tem sido cada vez mais louca, eu ensino (finjo pelo menos), vocês aprendem (fingem também) e vamos fazer tudo isso rápido porque temos hora a cumprir. O saber com hora marcada para começar e terminar. Onde já se viu? O saber não tem tempo determinado. Não existe demarcação de tempo no mar do saber e do conhecimento. No mar das descobertas. Da troca, professor X estudante. No mar da busca pelo conhecimento, das pesquisas, -que é para isso que se propõe a existência das Universidades- o tempo não é senhor. Não pára mais também não passa com a obrigatoriedade do façamos rápido, façamos por fazer. Eis ai, a verdadeira desgraça da Universidade brasileira. Perdeu-se o seu real sentido. Virou fábrica de diplomas e seus estudantes, cientistas, pesquisadores, passaram a ser meros clientes e nada mais.

Law Araújo, Estudante de Letras Vernáculas da Universidade Católica do Salvador, UCSal, filiado do PT de Salvador, membro da Corrente Interna EDP- Esquerda Democrática e Popular.