quinta-feira, 24 de abril de 2008

Série Prefeituravéis - Parte 6

Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto – ACM Neto

Discorro agora sobre o herdeiro político do Faraó da Bahia, o finado Antônio Carlos Magalhães, o ACM, o Toninho Malvadeza. ACM Neto, fenômeno eleitoral nas eleições de 2002 na busca de uma vaga à Câmara Federal, tenta ir além de ter o nome do avô, tenta copiá-lo e quer ser o novo “coronel” da política baiana.
ACM Neto aparece nesta disputa com a obrigação de retomar o prestígio perdido pelo seu partido, o ex-PFL, hoje Democratas. Mas o imbróglio está tão grande e o prestígio dos Magalhães na política anda tão em baixa que dificilmente Netinho poderá brincar de prefeito de Salvador. Óbvio que não se pode descartar um carlista do peso de ACM Neto, afinal, é a representação viva do sonho de continuar o carlismo e sua oligarquia na política do nordeste.
Mesmo sem a presença viva de ACM (o que não ajudou César Borges em 2004 e muito menos Paulo Souto e Rodolfo Tourinho, em 2006) Neto conta com o apoio do ex-governador Souto e de um empurrãozinho discreto do senador e presidente do PR Borges, que pode lhe dar o vice, cogita-se o Bispo Márcio Marinho (da Igreja Universal do Reino de Deus, que sempre lançou seus vereadores e deputados pelo PFL, mas hoje quer apoiar Varela no PRB que abriga muitos políticos da Igreja) e até a própria esposa de Borges, a ex-presidenta das Voluntárias Sociais da Bahia, Tecia Borges.
Mesmo com a indefinição do vice, o DEM que outrora fazia chapa majoritária com seus quadros, dispensando o vice de outro partido aliado, como foi com Paulo Souto e o recém falecido Eraldo Tinoco, está articulando e confiante de que poderá ter com ACM Neto a frente da Prefeitura de Salvador, a retomada do glamour político. Uma vez que nada garante que Kassab leve a prefeitura de São Paulo, principalmente por este racha com o PSDB que quer Geraldo Alckmin e pelo fato de que César Maia não fará sucessora no Rio de Janeiro. Com isso, Salvador é a menina dos olhos do DEM e ACM Neto o seu grande expoente, o seu homem forte. Não foi a toa que o DEM em peso desceu a Salvador para comemorar o aniversário do partido aqui e fazer o lançamento de Neto a Prefeitura, cargo que já fora ocupado por seu avô.
Para ACM Neto o ideal seria ter Varela fora da disputa e o apoiando, o que dificilmente ocorrerá. Seria bom ter o avô vivo de seu lado para tentar com o resto de prestígio que o velho coronel tinha assegurar alguns votos. Mas tudo está difícil para ele, fora o fato de Neto não tem o carisma do avô e não é visto como esse líder popular para governa uma cidade tão controvérsia como Salvador.

Série Prefeituravéis - Parte 5

Edvaldo Brito e Gerdan Rosário

Dando continuidade a Série Prefeituravéis, escrevo agora sobre Edvaldo Brito, ex-Prefeito de Salvador e Gerdan Rosário, ex-comunicador da TV Cabrália e Itapoan.
Um entrou do nada, de pára-quedas na disputa e outro já tinha anunciado interesse mesmo sabendo que sua emissora tinha planos para Varela.

Edvaldo Brito - foi prefeito por pouco tempo, não pelo voto direto e não tem tanto peso frente à cidade e muito menos perante as outras candidaturas. É candidato do PTB de Roberto Jefferson, o do mensalão, sigla aqui na Bahia representada pelo também mensaleiro Jonival Lucas e pelo ex-carlista Benito Gama. Homem competente, sério, sofre por não ser conhecido pela população. Trás, assim como Olívia e Luiz Alberto a proposta do “Negro no poder”, assumindo o comando da maior cidade negra fora da África. Mas não tem muitos recursos e nem força suficiente para fazer essa proposta de “negro no poder” ganhar força dentro do próprio movimento negro que se divide nas pré-candidaturas de Luiz Alberto, secretário de Igualdade Racial e militante do MNU e Olívia Santana, militante da UNEGRO. Vamos ver até onde suportará ir com sua candidatura, até porque pela idéia do governo, o PTB viria com o PT na escalada até o Thomé de Souza.

Gerdan Rosário - esse, esse realmente o partido não lhe garante nada e inclusive deixou de ser comentado. Como sumiu da TV depois que Daniela Prata (TV Itapoan/Record) voltou de licença maternidade e com a sua vaga na Aratu foi ocupada por Bocão e a agora Casemiro Neto (ex - TV Bahia), o “homem do martelo” apagou-se de vez e dificilmente terá ânimo para uma disputa dessas.

Série Prefeituravéis- Parte 4

Walter Pinheiro, Luiz Alberto e J. Carlos

Dando continuidade a Série de Prefeituravéis, falo hoje sobre mais três pré-candidatos do Partido dos Trabalhadores deste município que são eles (além de Nelson Pelegrino, membro da Esquerda Democrática e Popular, EDP, Tendência Interna do PT, já citado nesta Série e de maior expressão dentre todos), o Deputado Federal Walter Pinheiro (membro da Tendência Democracia Socialista, DS); o Secretário Estadual de Igualdade Racial e Deputado Federal licenciado Luiz Alberto (membro do Coletivo 2 de Julho) e o Deputado Estadual J. Carlos (membro da Tendência Construindo um Novo Brasil, ex-Articulação Unidade na Luta, ex-Campo Majoritário do PT).
A avaliação que faço destas três candidaturas é que realmente nenhuma deles é pra valer e nenhuma deles (sem trocadilhos com os pré-candidatos) tem capilaridade para disputar o Thomé de Souza.

WALTER PINHEIRO – nunca disputou o Thomé de Souza e nunca foi o deputado mais votado do PT em Salvador, posto esse ocupado até hoje só e somente só por Nelson Pelegrino, como o Federal de toda a Salvador. É apresentado como sendo o candidato novo, o que pode unir todos os partidos aliados, o PSB de Lídice, o PCdoB de Olívia, o PPS de Virgílio Pacheco e o PV de Beth Wagner, além do PTB de Benito Gama e mais alguns. O grande fato, as pesquisas, que concordo, não significa garantia de vitória ou de derrota em eleições, Pinheiro aparece com menos de 1%. Perde para Nelson Pelegrino, Lídice da Mata e para Olívia Santana também. Como pode Pinheiro agregar Lídice e Olívia se o mesmo não tem nem votos para mostrar a estas aliadas? Qual a real votação de Walter Pinheiro em Salvador? O que ele tem a oferecer? Unir para esperar ganhar as eleições em cima dos votos de Lídice e Olívia? Então sendo assim, elas não são burras, a candidata tem que ser uma das duas, se bobear, Lídice e Olívia vice ou Olívia e Lídice vice, o PT neste plano não seria nem vice, pois, Pinheiro não tem capilaridade (sem trocadilhos, mais uma vez, só pra enfatizar) para assegurar aos eleitores de Lídice e Olívia a representatividade de projetos que as mesmas representam para os seus eleitores.
A proposta do novo também não é argumento suficiente para garantir nada. Suplicy em 2002 era o novo quando disputou as prévias do PT com um Lula que tinha disputado e perdido as eleições de 1989, 1994 e 1998. No entanto o PT entendeu e não abriu mão de Lula e eis que Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito Presidente do Brasil. E o novo? O povo quis aquele que já tinha dentro destes anos de disputa e fora deles, rodado todo o Brasil e conhecia de fato a sua realidade, enquanto Suplicy permanecia preso ao Estado de São Paulo.
Hoje se repete a mesma história com Pelegrino. Ele conhece Salvador e seus problemas por ter disputado três vezes e por mesmo fora da disputa continuar a percorrer a cidade. A experiência conta e muito. Ter disputado 1996, 2000 e 2004 traz também as desvantagens, é óbvio. Muita exposição, muito ataque a ser sofrido. O PMDB de João fez pesquisa e pôs a musa do Axé e da torcida do Esporte Clube Vitória (meu time) Ivete Sangalo na disputa e ela ganhou de todos, de Varela, Lídice, Imbassahy, Pelegrino, Olívia e João. Ivete aparece muito, comercial de shampoo, sabonete, programas de todas as emissoras, clipes na MTV e TV Mundial, na subida do Vitória para a série A, no seu programa de fim de ano na TV, enfim, carnaval, seu trio, trio e camarote de amigos e amigas, mas tem também os que criticam, acham que ela é ruim como cantora e tal. Muita exposição muito ataque. Só para concluir, Pinheiro ficou muito conhecido quando bateu e bateu dura e diariamente no Governo Lula, enquanto Pelegrino, Zezéu e outros faziam à defesa, inclusive Wagner, na época ministro. Pinheiro pintou e bordou. Disse que não votava, disse que o governo estava errado com as reformas, disse que ia pro PSOL de Heloísa Helena e depois quis ser ministro, levou um não de Lula e hoje, é o petista que aglutina? Desde quando? É bom lembrar, mesmo que doa e incomode muitos, que Nelson Pelegrino é o maior nome do PT de Salvador. O que aglutina sim e que tem real propósito de disputar para ganhar, não pra levar João ao segundo turno, pois este, nem com reza forte de terreiro e sessão do descarrego na IURD chega lá. E lembrando que Pinheiro quer mesmo é ser senador, trabalha para isso desde 2006 ou até antes.

LUIZ ALBERTO – A Candidatura de Luiz Alberto, pode ser um avanço na luta anti-racismo e fazer com que Salvador tenha um prefeito negro.
Mas acho que ainda não tem peso e não faz com que de fato seja melhor alternativa nessas Prévias.
J. CARLOS – Tal qual em 2004 reaparece como candidato. O interessante é que sua corrente embora tenha negado o nosso presidente Jonas Paulo, trabalha para ter Pinheiro candidato, se não fosse verdade, teriam vestido a camisa de J. Carlos e estavam indo para as prévias com a mesma sede com a qual foram ao PED 2007.
Em 2004 retirou, pois viu que não ia muito adiante e todos sabem, espera ver o PT com o prefeito desta cidade para argumentar que retirou sua candidatura em prol do companheiro Prefeito (eleito pelo PT) e pedi a Secretaria Municipal dos Transportes, uma vez que é rodoviário e deste sindicato e movimento despontou para a política legislando. De certo, J. Carlos espera Nelson Pelegrino candidato, pois sabe que pode ganhar desta vez de fato e ai pleitear a Secretaria de Transportes.

Resta-nos aguardar a retirada das candidaturas ou as prévias para ver quem será o candidato do PT de Salvador na disputa pelo Palácio Thomé de Souza.

Série Prefeituravéis- parte 3

Raimundo Varela e sua Candidatura

O apresentador da TV Itapoan / Rede Record de Televisão, assim como nas eleições de 2004 apresentou agora em 2008 a sua pré-disposição para disputar a vaga de maior mandatário da cidade do Salvador.
Muitos acreditavam que tal em 2004 Varela retiraria a sua candidatura, mas o cenário realmente é outro. A não presença de ACM é um fator também a ser levado em conta para o bem e para o mal (até parafraseando o próprio “Faraó” da política baiana). Em outros tempos quis ACM que Varela fosse candidato pelo PFL, hoje Democratas, mas o mesmo não quis. Seria de fato naquele tempo um fator de peso se Varela fosse o candidato de “Toninho Malvadeza”.
Depois da morte do mesmo muitas mudanças aconteceram, até apresentadores da TV Bahia mudaram de casa. E Varela é candidato não pelo partido de ACM e nem mais pelo seu antigo partido o PTC. Agora é candidato do recém-fundado e não menos desprestigiado Partido Republicano Brasileiro, PRB, que já nasceu com o Vice Presidente da República José de Alencar como filiado e Presidente de Honra e o Senador Marcelo Crivella do Estado do Rio de Janeiro e líder político da Igreja Universal do Reino de Deus, possivelmente o novo Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, uma vez que pelo o que as pesquisas mostram o mesmo tem grande chances de ocupar o cargo que Varela quer aqui, lá na cidade da dengue e dos homicídios.
A candidatura de Varela, por ser um homem do rádio e TV e viver batendo nos governos, mostrando as falhas do mesmo e povoando os lares de soteropolitanos e baianos de sensacionalismo barato, coloca-o em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Mas todos nós atuantes militantes políticos, cientistas e jornalistas e mesmo os leigos, sabemos que intenção não é voto garantido. Voto é voto quando o mesmo está na urna e é contado ao fim da mesma.
De qualquer forma, sua campanha tem capilaridade, mesmo com pouco ou nenhum tempo de TV e rádio para apresentar suas propostas, (se é que as tem) no contato da campanha com o povo, no dia a dia da mesma, garantirá ao mesmo, ser o grande incomodo dos políticos de carreira e que já exerceram ou exercem cargos no legislativo e executivo. Varela vive ainda o imbróglio de não saber se terá o PR do Bispo Márcio Marinho e do Deputado Maurício Trindade (aquele do escândalo do leite quando ia ser vice de João Henrique em 2004 e estava no PSDB, hoje de Imbassahy que era do PFL de César Borges que hoje é o presidente do PR deste mesmo Maurício conhecido por ligar as trompas de mulheres em bairros da periferia de Salvador e que hoje quer ser vice de ACM Neto, do DEM, ex-PFL, quanto coisa não?) como seu vice, o que lhe garantiria tempo de TV e rádio.
Vamos aguardar para ver no que dará essa candidatura de Varela que alguns ainda crêem que ele retirará, eu particularmente não. De qualquer sorte, é sabido também que a IURD, Igreja Universal do Reino de Deus certamente mesmo que o PR de Marinho entre de vice de ACM Neto e mesmo tendo Tia Eron candidata a vereadora pelo DEM junto com outros vereadores, à exceção de Sildevan que é do PRB, fará campanha e votará em Varela, a não ser e ainda sim, não sei, se Marcio Marinho for o vice de ACM Neto. Para a IURD será melhor ter o vice Prefeito de Salvador que é membro da Igreja e seu líder político estadual do que ter o Prefeito que não é fiel da Igreja e pode não ser tão fiel a Igreja quando chegar ao Thomé de Souza.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Olíva queria entregar Prêmio Beleza Negra, mas...

Soube-se que a vereadora e prefeiturável Olívia Santana quis entregar o Prêmio da Beleza Negra e teria ido pessoalmente fazer este pedido a Vovô do Illê, mas o mesmo indagou qual a contribuição que a "Negona da Cidade" teria dado ao Illê nesses mais de 30 anos de história e assim sendo, Olívia foi embora sem nada mais ser preciso dizer.

Lídice cada vez mais distante de sair para a disputa

Soube por fonte segura que a Deputada Federal e Presidenta Estadual do Partido Socialista Brasileiro Lídice da Mata está cada vez mais distante de realmente sair candidata a Prefeita de Salvador por questões internas de seu partido.
Segundo a fonte, o PSB virou comissão provisória (perante a Executiva Nacional) e isso exigirá da socialista que dedique-se de corpo, alma e espiríto a rearticular o PSB baiano para que a mesma não perca a legenda. Com isso, fica difícil trabalhar o PSB e disputar a Prefeitura do Salvador. Além do que, há uma disputa pelo controle da legenda no Estado e como Leonelli está no governo, resta a Lídice a tarefa de não perder as rédeas do Partido.
Será então que a Frente de Esquerda idealizada por Pelegrino poderá ganhar capilaridade?
Sem Lídice candidata, o PSB não tem nome para apresentar numa real disputa, caberia então apoiar o PT ou o PC do B, caso Olívia mantenha sua candidatura realmente.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Cântico Para Minha Morte!

Vou morrer!
Vou morrer e falo da morte com tranqüilidade e paz de natureza.
Podem me chamar de fúnebre ou para me honrar comparem-me a Augusto.
Sou hipocondriacamente fúnebre!
Sou frio e não olho a morte como inimiga.
Não a quero longe e sim perto.
Venha Senhora Morte, venha, pois te quero.
Morrerei e não me importa à hora e nem a causa, mas sei qual será o efeito.
O efeito será a lembrança.
Lembraram de mim numa música, num lugar a exemplo da Ponta de Humaitá, nas fotos, lembraram de mim numa piada, numa gostosa gargalhada.
Lembrarão “Law se foi...” Irão lembrar de mim cada vez que se realizar um Encontro de Estudantes de Letras e lembrarão também das brigas. Sentirá falta até de minhas brigas. Sentirão falta de meu temperamento e natureza (frio, fúnebre e calculista); Mas depois hão de esquecer e só vão lembrar num dardo momento, esporadicamente.
Não o farão sempre, afinal que graça tem lembrar de um morto sempre? Haverá aqueles e aquelas que em meu enterro chorarão, outros ignorarão o meu momento (maior momento) de ápice. Meu encontro com a morte!
Depois me esquecerão!
Já não estarei nem ai para nada. Finalmente descansarei.
Depois de buscar incessantemente à morte, no então esperado encontro refugiar-me-ei em teu esconderijo. Afinal, onde esconde a morte os seus mortos?
Ninguém lembrará mais de mim. Ufa! Que graça tinha ser lembrando (importunado) sempre?
Disse um dia Raul Seixas “Oh! Morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato e o homem...” Sou esse gato. Sou o negro gato. Sou o rato, sou o verme que espera por me comer com a mesma ânsia com a qual espero eu pelo beijo da morte.
Venha morte com seus lábios frios. Com seus braços longos e gelados. Venha, pois por ti espero dia e noite. Noite e dia. Durmo pensando em morrer no dia seguinte. Durmo pensando em morrer e não acordar.
Depois de morto desfrutarei de um prazer que vivo nenhum pôde provar. Privilégio de morto. Tinha que ter um né?
Voltarei um dia! Não reencarnado! Não creio em reencarnação. Voltarei morto, pois, os Escritos Sagrados dizem: “Deus irá requerer da morte os seus mortos”. Voltarei morto e serei julgado e espero no céu poder morar. Pois lá entrarei porque de mãos dadas com a morte já hei de estar.

Texto escrito na noite de 7 de abril de 2008 após assistir o Sarau do XVIII (Theatro XVIII, no Pelourinho, Salvador, Bahia) sobre obra de Augusto dos Anjos e Ana Cristina César.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

50 Anos de Cazuza

Neste 4 de Abril de 2008 estaria completando 50 anos, incrivelmente, pois como ele mesmo disse “O tempo não pára”, o grande “garoto que queria mudar o mundo: Cazuza.Faço esse registro porque Cazuza foi e ainda é o maior poeta da década de 80, que continua a nos embalar.Nascido em Abril assim como eu e com um temperamento explosivo e de um caráter verdadeiro tais quais os meus, Cazuza não pôde passar despercebidamente. Fez e aconteceu, aprontou tudo o que pôde aprontar.Deixou um legado poético e musical imensurável. Foi um dos maiores nomes da nossa música que infelizmente partiu cedo. Fez-nos feliz, porque “não só as mães são felizes”.

Viva a memória de Cazuza!!!

“Grande Pátria desimportante, em nenhum instante eu vou te trair!!!!!”

40 anos sem Martin Luther King Júnior

40 anos sem Martin Luther King Júnior

Por Law Araújo*

Em 4 de abril de 1968 é silenciada a voz do Reverendo (Pastor) Martin Luther King Júnior. Doutor Martin, pois recebeu PhD em em Teologia Sistemática pela Universidade de Boston, sempre lutu pelos direitos civis de negros e mulheres. Pastor da Igreja Batista, King que era casado e pai de quatro filhos passou para os mesmos o desejo, ou melhor, o sonho de um mundo justo, igualitário e sem racismo e machismo.
Sabiamente, o Pastor Martin Luther King Júnior, ao qual ninguém pode acusar de covarde ou charlatão, lutou até o último segundo de sua vida para ver o sonho, que ele proferiu no célebre discurso de "Eu tenho um sonho" (conforme segue a tradução em português abaixo**) de ver irmãos negros de mãos dadas com irmãos brancos.
Esse sonho, ainda hoje não podemos entregar em memória do Doutor King. Mas o exemplo de luta do mesmo permanece vivo em nossas mentes e corações servindo de farol a nunca perder de vistas. A sociedade brasileira, americana e mundial livre de preconceitos, racismo, machismos, homofobia e todos e quaisqueres sentimentos mesquinhos e vils era o sonho dele e é hoje o meu, como fora o de Zumbi, como é de Vovô do Illê Ayê, bloco afro da Bahia, sonho de Valdina Pinto, Abdias do Nascimento, Geraldo Cândido, sonho dos heróis e heroínas da Revolta dos Malês e dos Buzius, sonho dos heróis e heroínas do 2 de Julho da Bahia, data magna do povo baiano.
Esse sonho nunca se perederá. Esse sonho se concretizará pois como cantava um baiano retado, mestre do verdadeiro rock in roll Raul Seixas, "***sonho que se sonha só, é um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade". Então camarada, junte-se a nós nessa luta por igualdade e pelo fim do racismo e sexcismo e toda a opressão. Vamos sonhar como sonhou Luther King, vamos às ruas e no seu silêncio soltar nosso grito roco de esperança, de sede de justiça e verdadeiras condições de vida para negros, mulheres, índios, GLBTT e nordestinos tão vítimas de um sistema tolo. Um sistema que juntos, como determinou o Reverendo, Doutor Martin Luther King Júnior durante o curto período que viveu aqui nessa terra, podemos e vamos vencer.

Vivas a Luther King e todos os nossos heróis e heroínas negras!!!
Saudações Quilombolas!!!!!!!
Axé!!!!!!!!

Segue discurso "Eu tenho um Sonho"

EU TENHO UM SONHODiscurso de Martin Luther King (28/08/1963)
"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação. Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros. Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação. Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição. De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes". Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo. Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia. Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial. Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus. Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre.Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só. E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?" Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza. Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Vocês são os veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero. Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade. Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta. Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado. "Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto. Terra onde meus pais morreram terra do orgulho dos peregrinos, De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!" E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire. Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York. Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania. Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee. Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade. E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:"Livre afinal, livre afinal. Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."

Fonte: colaboração de Hernani Francisco da Silva, da Missão Quilombos.
Martin Luther King - 15/01/1929

· *Law Araújo é estudante de Letras Vernáculas na Universidade Católica do Salvador, UCSal, Bahia, militante do Movimento Negro e Ativista de Direitos Civis.
· **texto extraído de: http://www.portalafro.com.br/religioes/evangelicos/discursoking.htm
· *** Trecho da música "Prelúdio" composição Raul Seixas.