segunda-feira, 18 de agosto de 2008

CAYMMI: BAIANO, RETIRANTE, MESTRE E POETA!

CAYMMI: BAIANO, RETIRANTE, MESTRE E POETA!

*Law Araújo

A Bahia chora a perca de um grande filho: Dorival Caymmi. Tal qual muitos filhos da Bahia e de outros estados nordestino, Caymmi foi depois de baiano, um retirante. Partiu para o sudeste do país com vinte e poucos anos. Lá se criou, mas jamais esqueceu sua origem. Sua Bahia. O estado que o projetou que o abençoou que o entregou ao mundo, para o mundo encantar. A mãe Bahia teve a coragem de entregar um filho seu, por entender que os filhos crescem e precisam partir.
Dori Caymmi velho de guerra, sempre cantou a Bahia e suas lindas, maravilhosas, charmosas e gostosas mulheres. Cantou o sincretismo religioso. Cantou o sagrado e o profano. Mas cantou acima de tudo o que mais amou: o mar. Cantou como era “Doce morrer no mar” e “O bem do mar”. Cantou a vida dos pescadores. Cantou os apertos, o sofrimento de homens trabalhadores das águas e famílias, mulheres e filhos que ficam em terra aguardando a volta daqueles que ao mar se entregam em busca do alimento para sua família e para a venda, e, por conseguinte, alimentação de outras famílias. Homens fortes como Caymmi que com maestria lutam por dias melhores, mas não sem antes respeitar os outros e o espaço de trabalho. Respeitar o mar. O “mar que quando quebra... é bonito” sim, o mar da Bahia é lindo!
A maestria de Caymmi nos ensinou, a saber, que se Deus quiser agente volta com peixes e agradece a esse Deus, o Deus que criou o mar. Sua poesia nos serviu de inspiração para cantar a lindas mulheres, Stelas, Marinas... E tantas outras. Sua poesia louvou a Bahia que o gerou. Seu nome é respeitado nos quatro cantos desta terra e em todas as partes do Brasil. Caymmi fez quem não gostava de baiano ficar de pé e aplaudi-lo em referencia a sua potencia de ser humano. Poeta, cantor, compositor, ator. Sim, ator. Caymmi fez o mundo perguntar-se “O que que a Baiana tem?” e cantar o quanto difícil é a “vida do negro”. Seu vozeirão calou-se no último dia 16 de agosto deste ano corrente de 2008. Chora a Mãe Bahia, chora o Brasil. Chora o mundo. Em época de olimpíadas, perdemos o maior medalista, o maior atleta. Dorival Caymmi, atleta das letras. Medalista de um mar que só ele mesmo sabia como cantar, mas que todos nos deixamos encantar, quando diante do mesmo paramos e ele nos leva. Cantamos então “É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar...”.
Adeus Caymmi, você vai, mas fica a sua canção em nossos corações.

* Law Araújo é estudante de Graduação em Letras Vernáculas pela Universidade Católica do Salvador (UCSal) e Secretário de Finanças da Executiva Nacional de Estudantes de Letras (ExNEL) Regional Nordeste, gestão 2008/2009.

21 anos sem Carlos Drummond de Andrade

21 anos sem Carlos Drummond de Andrade

* Law Araújo

O último dia 17 de agosto de 2008 trouxe-nos a lembrança do maior porta da humanidade (se assim me permitem definir), Carlos Drummond de Andrade. Mineiro de ferro, da sua querida cidade de ferro Itabira. São 21 anos sem a calma, a ternura e rispidez de alma em poemas envolventes, alucinantes, que nos faz inculcar de maneira sem igual.
Carlos Drummond de Andrade partiu doze dias após a morte de sua única filha, a também escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Amor paterno excessivo? Pode ser que sim, pode ser que não. Inconformismo com a solidão? Também é uma opção. Mas afinal, qual o homem que quer ou nasceu para viver só? Ninguém. Drummond embora de ferro, era homem como nós.
A poesia de Drummond é marcada e estuda e ensinada como sendo ou subdividindo-se numa poesia do individuo, da família, da existência e da própria poesia. O individuo num “eu retorcido”, complicado, estilhaçado. A família e a existência aparecem num interrogatório sem sentimentalismo do viver em família e da razão da existência. Do sentido do existir. E a poesia, o fazer poético é a reflexão das suas poesias.
Mas conhecemos de fato esse homem e sua poesia? Será que já conseguimos decodifica-lo? Não! Um homem de “sete faces” não se decodifica em 21 anos depois de sua lamentável partida e nem mesmo seria possível ao longo que foi sua existência. Drummond é homem cujo “nome é tumulto e escreve-se na pedra”. Sua poesia é “a rosa do povo” que a lê em sua “cadeira de balanço” ou como preferem as “moças deitadas na grama”, sem igual e universal. Resta-nos apenas a saudade e a certeza de que se aqui ainda estivesse estaríamos ainda mais ricos de uma poesia difícil de definir, mas fácil de apreciar.


* Law Araújo é estudante de Graduação em Letras Vernáculas pela Universidade Católica do Salvador (UCSal) e Secretário de Finanças da Executiva Nacional de Estudantes de Letras (ExNEL) Regional Nordeste, gestão 2008/2009.