quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Comentário sobre Cuba

Comentário sobre Cuba

Por Edízio Nunes

A revolução Cubana de 1959 foi um dos principais movimentos revolucionários do mundo, pela sua ousadia e tenacidade de seu líder Fidel Castro. Contrariando os elementos da teoria marxista clássica, do amadurecimento das forças objetivas e subjetivas, uma vanguarda militar coordena a tomada do poder na Ilha e transforma-se em referência para toda América Latina e Caribe. Raul, seu irmão, inclusive já membro do partido comunista cubano, achava aquela tarefa um vanguardismo.
No Brasil algumas organizações de esquerda tentam adotar o modelo cubano na década de 60 - a teoria da tomada do campo pela cidade - a guerrilha do Araguaia é um exemplo. Isso não deu certo, pois o Brasil é outra realidade histórica e cultural.
Fidel é o grande líder desse processo, mas o povo cubano tinha um sentimento de pertencimento muito aguçado e esse elemento de ser humilhado, pisoteado pelos norte-americanos, dava todo um charme a idéia de identidade cultural e de classe com os guerrilheiros da Sierra Maestra, o que levou as massas a gradativamente irem aderindo aos revolucionários. Mas Cuba não é revolução de Fidel. Este homem é quem consegue captar o sentimento do povo e traduzi-lo em ação revolucionária. Mesmo numa Ilha onde o principal fundamento econômico era cana de açúcar, os cassinos e bordéis freqüentados pelos seguidores de Fugêncio Batista e a burguesia marginal dos EUA.
Entretanto o afastamento de Fidel do posto de comandante em chefe de Cuba é hoje, essencial para revigorar o processo da revolução, que tem de ser capaz de, por dentro do sistema, renovar-se, repensar modelos, experimentar uma transição que não signifique retorno ao capitalismo.
Grande gesto de Fidel que, mais uma vez, dá uma lição à história dos Estados Unidos com sua democracia representativa, sustentada pelos dólares usurpados dos povos oprimidos da América Latina e África.
A experiência cubana é singular, mas não nos serve de modelo, pois não acredito em modelos, e sim, em processos construídos à luz de cada realidade histórica, mas serve de referência de ousadia de socialistas que em condições piores, foram capazes de ousar.

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