terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A Memória de Thiago Almeida "Ratinho"

É com profunda tristeza que escrevo à memória de um grande amigo, irmão, companheiro e primo que adotei nesta vida louca vida, como cantou o poeta um dia. Thiago Almeida, o Thiago "Ratinho" como era carinhosamente conhecido por nós, nos deixou neste mês de fevereiro. Infelizmente. E nos deixou porque perdemos um amigo para as drogas, para as facilidades que o mundo do trafico oferece.
Ratinho, 19 anos, pai de um filho de 2 anos, era a figura e não porque morreu, mais engraçada que conheci em toda a minha existência. Quantas vezes ri com a dança dele, com as piadas e histórias de uma vida já sofrida. A verdade é que, pouco viveu e muito viveu. Viveu pouco em números. Foram apenas 19 anos de idade. Faria 20 anos dia 22 de Fevereiro agora. E como será dolorido este aniversário. Como será dolorido este 2 de Julho, sem ele na caminhada pelas ruas históricas desta cidade do Salvador.
Mas Ratinho viveu muito, muitas misérias e sofrimentos e muitas alegrias que teve e principalmente, que deu a nós, seus amigos. Acho que nos fez mais feliz que foi. A saudade, o inconformismo, a dor, a vontade de chorar que não passa, o choro que não sai, o choro que vem e eu não derramo, tudo isso, um conflito dramático, me dói e dói muito. Como queria que ele estivesse aqui. Como queria ouvi-lo me chamar de "boneco de macumba". Gostaria de poder abraçá-lo neste aniversário dele.
Thiago morreu e não mais tinha tido a chance de falar com ele. Não me recordo a última vez que estive com ele. Mas me recordo das alegrias, brincadeiras. Me recordo da gente juntos, eu, ele, Silas e Joilson "Jiló" na Ponta de Humaitá, na Cidade baixa. Reunidos na Praia da Ribeira. Dia feliz, o nosso "happy day". Escrevo só para desabafo d'alma. A dor que sinto é maior que estas linhas poderá fazer você que lê entender e sentir. Sem medo de ser feliz, sem medo dos preconceitos e acusações, digo que eu verdadeiramente tinha um profundo respeito e consideração por Thiago Ratinho. Tinha amor por este cara. Amor de quem quer ver o amigo se dando bem, e até por isso, lutei para ajudá-lo a voltar a estudar. Quanto quis que ele fosse para o Landulfo Alves (Colégio) e lá comandasse o Grêmio estudantil.
Amigo você realmente não sabe a falta que faz. Não sabe a dor que deixou com sua prematura ida. Eu perdi um grande amigo porque o mesmo foi seduzido pelo mundo do tráfico, a vida fácil. Ganhava bem vendendo drogas e assim achou que seria melhor sua vida. Eis que o emprego rentável trousse a morte como brinde. É sempre assim, morre-se cedo nesta vida. Nunca se aprendi. A mim sobrou o dever de pôr em letras o que sinto. Não conseguindo devida minha incompetência, registro apenas essas humildes "Memórias". Memórias de um ser especial que mesmo tendo ido para o crime, que não apoio e nem incentivo que ninguém vá, são as memórias daquele amigo para o qual abri a porta de minha vida. Que me deu alegria. Não te crucifico cara. Queria sim que estivesse ainda aqui, infelizmente não está, mas saiba onde quer que esteja e que todos e todas que lerem possam saber, eu o considerava muito. Admirava demais, só esqueci de dizer isso em vida. Deixei para semana que vinha e essa não veio. agora entendo o que Pitty diz com: "*Diga sempre tudo o que precisa dizer, arrisque mais para não se arrepender, nós não temos todo tempo do mundo e o tempo já passou". Ele arriscou e eu não disse o que precisava dizer. Fica o adeus. Adeus meu amigo e irmão.

*Trecho da música Semana que vem de Pitty, CD Admirável Chip Novo.

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