MENSAGEM AOS PETISTAS E ÀS PETISTAS
Companheiras e companheiros,
Em 2005, lançamos a primeira candidatura de Marcelino Galo para Presidente do PT. Apontávamos a necessidade de mudanças no partido, mudanças de conteúdo, de métodos e, sobretudo de direção política. Na pauta destas mudanças constava a reaproximação com os movimentos sociais, com os princípios do nosso manifesto de fundação e com a luta do povo. Enfim, a retomada da trajetória histórica do PT recolocando o nosso partido no seu papel de instrumento de emancipação da classe trabalhadora.
Era um momento conturbado de esgotamento de uma estratégia moderada do ex-campo majoritário/CNB. Estratégia que foi suficiente para dar conta da tarefa de ganharmos a presidência da república, vários governos e mandatos mas que não foi capaz de assegurar, uma vez no governo, que o nosso partido construísse uma estratégia de poder. Foi a opção pela conciliação com as elites, pelo afastamento dos movimentos sociais, pela destruição da democracia interna, que levou o nosso partido as más companhias, nunca companheiras.
Mas se é certo que a direita aproveitou dos nossos erros para tentar nos destruir, é certo também que os erros aconteceram. Nossa memória não será seletiva, e precisamos sempre lembrar que estes erros foram cometidos por um jeito, um método de dirigir o PT, que a partir de uma maioria presumida, implodiu as instâncias de decisões democráticas.
Aconteceu que mesmo diante do vendaval, a militância petista soube ser a luz que nos guiou para a saída e decidiu de forma soberana recompor a correlação de forças dentro do partido. Acabamos com a maioria monolítica e estabelecemos um equilíbrio de forças no diretório nacional.
Na Bahia este movimento foi mais profundo. Além da derrota eleitoral do ex-campo majoritário/CNB tivemos também a vitória de um militante da base partidária, o companheiro Marcelino Galo, para a presidência do PT.
Neste PED de 2007, a militância do PT mais uma vez dá sua parcela de contribuição. Mais petistas participaram do processo. Maior será também a presença na próxima direção, dos setores que levaram a vitória de Marcelino Galo, no segundo turno do PED de 2005. Ao mesmo tempo, nenhuma das chapas, sozinha, será maioria no partido, o que exige que o clima de permanente diálogo e a construção coletiva se perpetue nesta próxima gestão.
Todas as candidaturas à presidência estadual, apresentam traços valorosos da nossa construção partidária: o companheiro Hipólito que trouxe o debate racial como marca fundamental para o partido pautando a necessidade de combater o racismo institucional presente em nossas organizações; a companheira Edenice, mulher negra de opção socialista e revolucionária, histórica e inegavelmente combativa guerreira petista; a companheira Neusa que traz na sua bagagem a força das administrações petistas, do semi-árido, da luta feminista; o companheiro Pery, que foi nesta gestão um incansável dirigente político, a serviço do PT e que novamente disputou com dignidade e competência a presidência do Partido. Por fim, o companheiro Jonas Paulo, petista histórico, hoje com a tarefa de ser gestor público de um órgão importante do governo federal, candidato da tendência interna Unidade na Luta, rebatizado como Construindo um Novo Brasil, com o qual disputaremos neste segundo turno.
Isso significa que nosso adversário é candidato de um setor do ex-campo majoritário, setor este recheado de contradições e de histórias que ficarão marcadas na nossa memória. Setor que tanto nacionalmente quanto aqui no estado deram diversas demonstrações de falta de cuidado com nosso patrimônio histórico, com nosso Partido. O PT sofreu sim nos tempos de hegemonia deste ex-campo majoritário.
Sofreu internamente, tanto do ponto de vista administrativo quanto do ponto de vista político quando a pluralidade das forças políticas que compõem o PT foi sufocada e uma maioria cristalizada comprometia o exercício da democracia nas decisões partidárias.
Sofreu e teve desgastada sua imagem pública quando envolveu nosso partido em ações ilegais e imorais não apenas do ponto de vista ético mas, sobretudo do ponto de vista político porque revelava um método equivocado onde os interesses econômicos se sobrepuseram aos interesses de luta contra a hegemonia burguesa e das elites desse país.
Sofreu quando deixou de pautar o socialismo como horizonte estratégico perdendo com isso o rumo, o norte realmente transformador das desigualdades sociais em que vivemos. Desigualdades que só nós, trabalhadores e trabalhadoras sentimos na pele e que, portanto temos a tarefa de combater. Não são as elites, amigas ou aliadas de última hora que cuidará dos nossos interesses. Não podemos terceirizar a luta pelas nossas bandeiras. Temos de tomar nas nossas mãos o poder de transformar essa sociedade.
Para isso é fundamental que o PT prossiga neste caminho de defesa e apoio aos movimentos sociais. É preciso lembrar que este direção eleita em 2005 assumiu uma postura muito diferente da direção anterior a ela. Uma direção que abriu as portas e incentivou a construção dos setoriais, que esteve ao lado, em diversos momentos, da luta no campo, na cidade, das mulheres, da juventude, dos negros e das negras deste estado. Não foi a tôa que estivemos com os estudantes no episódio da desocupação da reitoria da UFBA, que estivemos ao lado dos sem terra quando ocuparam latifúndios produtores de eucalipto, quando estivemos ao lado das mulheres lançando a campanha do laço banco em que homens pedem pelo fim da violência contra as mulheres.
É fundamental também que tenhamos um PT capaz de entrar nas divididas que virão com força em 2008 nas eleições municipais. Sabemos que a ampliação da base de sustentação do governo Wagner é fundamental para garantir a governabilidade institucional. Mas não podemos com isso, comprometer o apoio ao maior número de candidaturas petistas para prefeitos/as e vereadores/as em cada uma das 417 cidades. Ocupar espaços institucionais é mais uma trincheira de batalha que nós petistas devemos ocupar para implementar uma outra forma de fazer política e para ajudar na organização da classe trabalhadora. Lula e Wagner provaram que para fazer mudanças na vida do povo é preciso estar ao lado povo, ser parte dele.
Finalmente, todas as companheiras e companheiros que disputaram o primeiro turno representam o que há de melhor na pluralidade do PT. E a militância resolveu colocar em debate dois projetos distintos. Não é a apenas a conduta ética de Marcelino Galo, a sua opção socialista ou a sua reconhecida capacidade dirigente que está em debate. Para, além disso, está em jogo decidir se a Direção do PT da Bahia dará continuidade à transição iniciada em 2005, se defenderá primordialmente os interesses dos/as petistas e se pavimentará o caminho para reeleger nosso projeto em 2010.
O PT não pode ficar refém de quem acha normal, o dólar na cueca, nem dos “aloprados” que quase inviabilizaram a reeleição do presidente Lula. Aqueles que ao traírem o nosso Presidente traíram também a todos os petistas.
Esse é a escolha que está colocada neste segundo turno, continuar avançando na direção de um partido de síntese ou retroceder para os tempos do rolo compressor, do abandono das bases partidárias, da falta de dialogo interno, do divórcio com a luta social. A voz das urnas nos colocou nesta quadra da história, cabe agora a você militante que constrói o PT, decidir que rumo vai tomar daqui para diante. Com a palavra, a valorosa militância petista.
MARCELINO GALO 320
A ESPERANÇA É VERMELHA
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
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