Por Law Araújo*
O Dia Internacional da Mulher tem sua origem unicamente em um fato político. O primeiro dia dedicado às mulheres deu-se em virtude do protesto organizado por trabalhadoras de fábricas de vestuário e indústria têxtil em 8 de março de 1857 em Nova Iorque. Essas mulheres protestavam contra as más condições de trabalho e os reduzidos salários (desde aquela época e até os dias de hoje, essa falsa dicotomia de que mulheres devem ganhar menos que homens é existente). Esse dado é fundamental para que possamos saber de onde vem o dia 8 de março como dia Internacional da Mulher, não tendo nada haver com o incêndio na fábrica Triangler Shirtwaist, que ocorreu em Nova Iorque onde 146 trabalhadoras morreram queimadas. Este incêndio aconteceu em 25 de março de 1911 e segundo a versão muito difundida as trabalhadoras protestavam e foram queimadas vivas. O fato é que esse protesto (segundo a história) nunca aconteceu e essas mulheres morreram por falta de segurança no trabalho.
Por tanto o dia internacional da Mulher nasce da luta organizada das mulheres trabalhadoras que reivindicaram os seus direitos e o incêndio na fábrica têxtil pode ser apontado como o primeiro ato de violência contra as mulheres trabalhadoras, uma vez que, a direção da empresa não investiu em segurança para as suas trabalhadoras. Ao longo dos anos as mulheres sempre tiveram que lutar e lutaram para conseguir qualquer coisa. Todos os direitos hoje assegurados são frutos das lutas de diversas lutadoras de diferentes épocas e nacionalidades, cores e visões criticas e religiosas.
Mas um motivo de luta das mulheres que até hoje reina na pauta de reivindicações é justamente o direito à vida, o direito a ter sua integridade física garantida e respeitada. A luta contra a violência feminina vem sendo motivo dessa saga diária em todas as partes do mundo. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo (2001) revelou na pesquisa quase 2,1 milhões de mulheres são espancadas por ano, sendo 175 mil por mês, 5,8 mil por dia, 4 por minuto e uma a cada 15 segundos. E está intimamente relacionada ao aspecto cultural: a existência de diversas formas de agressão contra as mulheres e meninas são mais freqüentes em países de uma cultura masculina e menos incidentes em sociedades que buscam a equidade de gênero (Blay/ 2003). Até por isso, a grande necessidade de implantação de políticas públicas voltadas para as mulheres, em âmbito de direitos humanos tornam-se fundamentais. Por isso mesmo, é necessário à participação das mulheres no cenário de poder. No Legislativo e no Executivo destas políticas públicas voltadas ao gênero feminista.
Hoje no Brasil, no seu Parlamento, temos os seguintes e insuficientes números: Câmara de Deputados- 513 no total de parlamentares, 457 homens e apenas 46 mulheres, que significa 9%; no Senado Federal, uma Casa conhecida inclusive por ser ocupada por homens e mais velhos, os chamados "raposas-velhas da política" temos os seguintes números: das 81 cadeiras as mulheres ocupam apenas 10 num total de 12,3%, enquanto os senadores somam 71 cadeiras. Nas Assembléias Legislativas 126 mulheres como deputadas num universo de 1059 deputados estaduais, as mulheres representação assim 11,9% e no Poder Executivo dos 26 Estados mais o Distrito Federal, as mulheres governadoras são apenas 3, uma na região nordeste, outra na região norte e a outra na região sul. Não chega nem a uma por região.
Por isso, faz-se imprescindível a tomada do poder pelas mulheres. Fazendo suas vozes ecoarem nas direções partidárias em todas as instâncias, municipal, estadual e nacional, dentro das Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas e no Congresso Nacional: Câmara e Senado. Além é óbvio do poder executivo, prefeituras, governos estaduais e a Presidência da República. Não dá para aceitar, que onde as mulheres são maioria de votantes, não tenhamos no Brasil, uma mulher Presidente. Se rompemos o ciclo de presidentes elitistas, doutores e bem formados e colocamos um homem sem diploma universitário faz-se necessário agora termos uma mulher na Presidência. Uma mulher que independente de seu partido, seja realmente a porta-voz da nação brasileira como um todo, que governe para todos, mas que implemente as políticas femininas e derrube de uma vez com o sentimento machista e atrasado. As mulheres precisam assumir a tarefa de fiscalizar e implementar ações e leis como a Lei 11.340/2006, a Lei Maria da Penha, que passou a vigorar em setembro do referido ano. Que 2008 e 2010 sejam anos de avanços na participação feminina na política institucional, uma vez que por lei, 30% das vagas devem ser destinadas às mulheres nas disputas proporcionais, ou seja, vereadora, deputadas estadual e federal e senadoras.
Que as mulheres façam valer sua força e assim como em seus lares, comandem com suas mãos de ferro as ações e políticas do dia a dia. No bairro, na escola, na igreja, nos partidos, nas associações e ONGS e em todos os espaços existentes e ainda vagos de suas importantíssimas presenças como, por exemplo, na própria Executiva nacional das/dos Estudantes de Letras, um curso historicamente cuja presença feminina é predominante, é fundamental que nos encontros estaduais, regionais e nacional as estudantes assumam as tarefas e principalmente no ENEL possam disputar e assumir a direção da entidade.
Salve as mulheres, salve as mães, as filhas, as professoras, as amantes carinhosas e dedicadas, compreensivas e amadas. Salve a todas as "Marias, a todas as Clarices" **, a todas as Anas, a todas "essas mulheres que de manhã cedo acordam, arrumam-se, botam a mesa" *** e vão à luta por um mundo mais justo, honesto, igual, solidário, feminista e realmente amoroso. Um mundo realmente humano.
* Law Araújo é estudante de Letras Vernáculas da UCSal.
** Trecho de "O bêbado e a equilibrista", música de João Bosco e Aldir Blanc.
*** Trecho de "Essa Mulher", música de Joyce e Ana Terra, ambas gravadas por Elis Regina Carvalho Costa.
sexta-feira, 7 de março de 2008
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