quinta-feira, 28 de maio de 2009

DEPUTADO FEDERAL LUIZ ALBERTO saúda os/as congressistas da II Conferência de Promoção da Igualdade Racial



Salvador, 18 de maio de 2009

Aos participantes da II Conferencia Estadual
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

Com este texto, quero saudar os delegados e delegadas da II Conferência Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e desejar a todos um ótimo trabalho, com resultados concretos e positivos. Nas últimas décadas, a atuação do Movimento Negro tornou possível a identificação da idéia de democracia racial como estratégia de dominação e perpetuação das assimetrias raciais no Brasil. Esta luta deu origem a momentos como a II Conferência de Promoção da Igualdade Racial, onde devemos colocar para o poder público a necessidade de combater o racismo, sobretudo dentro de suas estruturas, e promover a igualdade racial em nossa sociedade.

A nossa luta também têm fomentado iniciativas de governos federais, estaduais e municipais na promoção de políticas de promoção da igualdade racial. Na Bahia, destaco a criação da Secretaria de Promoção da Igualdade (SEPROMI), uma importante ação, concreta, para que a justiça social e racial seja realizada.

O Brasil foi palco do mais longo e cruel processo de escravidão da história da humanidade e a “extinção” deste processo não foi seguida por uma política de inclusão social dos africanos e de seus descendentes. Assim, o racismo ainda encontra-se presente em nossa sociedade, determinando a desigualdade social, limitando expectativas e potencialidades a partir da definição dos espaços a serem ocupados pela população negra.


A vida e a liberdade da população negra encontram-se comprometidas, pois, é nos territórios de maioria negra que se desenvolve um conjunto de operações militares letais com apoio da grande mídia, sob a justificativa de combate ao crime organizado e ao narcotráfico produzindo um número cada vez mais elevado de mortes e prisões, tendo jovens negros como vítimas preferenciais desta triste realidade.

Apesar dos avanços propiciados por um governo democrático e popular, que ajudamos a construir, a realidade da população negra, em especial das mulheres negras, da população quilombola e da juventude negra, torna evidente que o nosso país é profundamente marcado pelas conseqüências da escravidão e da exclusão sócio-racial que a sucedeu.

Temos que manter e alimentar o orgulho em fazer parte da trajetória de luta do povo negro contra o racismo e superação das desigualdades raciais. É preciso reafirmar que a transição para uma sociedade justa e igualitária somente será possível com a garantia dos direitos dos homens e mulheres negros (as) que construíram e constroem este país.

É com esse espírito combativo, portanto, que registro a passagem do dia 25 de maio, Dia da África, data instituída pela ONU para celebrar a criação da OUA – Organização de Unidade Africana, hoje, União Africana, numa reunião em Addis Abeba, capital da Etiópia, em 1963. A luta dos africanos e africanas também é a nossa luta para desfazer a herança maldita de séculos de colonização. O Brasil deve à África, e nós, descendentes de africanos somos a prova material de uma dívida até agora não quitada nem pelo nosso país, nem pelos colonizadores. Nossa luta brasileira guarda relações estreitas com as lutas africanas, especialmente em relação à responsabilidade dos Estados.

Assim, ao tratarmos de reparação, em dívidas a serem quitadas, logo emerge o longo processo para aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Uma tortuosa corrida de obstáculos legislativos, políticos, burocráticos e administrativos. Aqueles que se beneficiam com o atual modelo de sociedade racialmente desigual dizem não – de forma veemente – à transversalização das políticas de ações afirmativas e ao combate ao racismo institucional. Grupos poderosos e articulados, como a bancada ruralista e alguns dirigentes universitários, dizem não à políticas de ações afirmativas reparadoras que promovam à população o acesso aos bens e serviços públicos.

Temos enfrentado um grande desafio na Câmara dos Deputados, temos trabalhado pelo fortalecimento da organização do povo negro e para transformar em política de Estado as políticas de públicas de ações afirmativas, demandas da população negra. Estes desafios, obstáculos e adversidades certamente serão vencidos com o apoio de nossas organizações, com mobilização, com pressão. Esta II Conferência Estadual pode ser um passo para nossa vitória. Vamos trabalhar! Boa Conferência!

Deputado Federal Luiz Alberto (PT/BA), Ex-Secretário da SEPROMI - Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia.

Mais informações:
Assessoria - Deputado Federal Luiz Alberto (PT/BA)
Daniela Luciana (DRT/BA 1998)61 3215-3954 / 8179-9316

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